sábado, 27 de junho de 2009

Pagode

Pagode é um gênero musical brasileiro originado no Rio de Janeiro a partir da cena musical do samba. Estilo musical mais comum nas favelas e locais com baixa concentração de renda, como conjuntos habitacionais e subúrbios. Esta é a forma pejorativa e preconceituosa que esta palavra assumiu. Na verdade o pagode não é exatamente um gênero musical. O pagode, na verdade, era o nome dado às festas que aconteciam nas senzalas e acabou se tornando sinonimo de qualquer festa regada a alegria, bebida e cantoria. Prova de que o nome em nada tem a ver com o rítmo, é a música Pagode de Brasília gravada por Tião Carreiro em 1959, cuja roupagem em nada lembra nenhuma das variações do samba. O termo pagode, começou a ser usado como sinônimo de samba por causa de sambistas que se valiam deste nome pra suas festas, mas nunca o citaram como estilo musical. Isso pode ser bem percebido pela letra "Pagode do Vavá" de Paulinho da Viola, "Pagode pra valer" de Laci Brandão ou qualquer outra do grupo Fundo de Quintal, considerado por muitos o primeiro grupo de pagode do Brasil. Acabou se tornando uma referência para os leigos que falam sobre pagode, forró ou axé. Sendo que nenhum destes são gêneros musicais ou mesmo rítmos. E atualmente é usado de forma pejorativa por alguns e de forma descabida inclusive por "músicos do Gênero".

Gênero
O pagode designa festas, reuniões para se compartilhar amizades, música, comida e bebida. Surge como celebração do samba em meados do século XIX e se consolida no século XX no Rio de Janeiro. Mesmo antes já eram celebradas estas festas em senzalas de escravos negros e quilombos. Com a abolição da escravatura e fixação dos negros libertos no Rio de Janeiro e que têm uma relação intrinseca com o sincretismo de religiões de origem africana, como o candomblé, a umbanda - o pagode se consolida com a necessidade de compartilhar e construir identidade de um povo recém liberto, e que precisa dar outra função ao corpo que até então é somente instrumento de trabalho. Por isso a relação estreita entre música e dança na cultura de origem africana, além do fato de ter a síncopa como principal caracteristica da construção técnica-musical, derivada da percussão marcadora do ritmo.
Antigamente, pagode era considerado como festa de escravos nas senzalas. No final da década de 1970, no Rio de Janeiro o termo passou a ser associado a festas em casas e quadras dos subúrbios cariocas, nos calçadões de bares do Centro do Rio e da periferia, regadas a bebida e com muito samba. A palavra pagode no sentido corrente surgiu de festas em favelas e nos fundos de quintais cariocas que falavam sobre sentimentos (alegrias e tristezas) das pessoas que lá moravam.
O samba adquiriu diferentes formatos ao longo de várias décadas, entre os quais, "samba de breque", "samba-canção", "samba-enredo", "samba de partido-alto", , "samba-puladinho", "samba sincopado" (ou gafieira), "samba de rancho", sambalanço, samba-rock, "samba de roda", "samba com Axé" e Samba-Reggae".
E após a década de 70, começaram a associar o nome pagode aos sambas feitos por grupos musicais, normalmente em músicas com temáticas românticas ou com versos de improviso. Porém o nome que melhor se aplicaria a estes seria o samba dolente e o partido alto.
Nessa época foram introduzidos novos instrumentos principlamente pelo Grupo Fundo de Quintal ao cenário do samba como: o repique de mão criado pelo músico Ubirany, o tantã (criado pelo músico e compositor Sereno) e o banjo com braço de cavaquinho (criado por Almir Guineto). Essa nova roupagem ajudou a firmar a idéia de que um novo rítmo surgia.
Com o passar do tempo, o gênero passou a incorpoirar ás vezes instrumentos como o teclado (como em "Parabéns Pra Você", do Fundo de Quintal). E na década de 1990, o pagode ganhou uma roupagem mais comercial, com grandes índices de vendagem. Grupos não só cariocas, mas também paulistanos tiveram um êxito, notadamente por tocarem um estilo mais romântico. Hoje, este pagode comercial convive com o de raiz, e ambos têm sucesso comercial no Brasil.

Nomes e grupos da geração Cacique de Ramos nos anos 1980
Fundo de Quintal
Jorge Aragão
Beth Carvalho
Zeca Pagodinho
Almir Guineto

Nomes da geração 1990 do "Pagode"
Raça Negra - liderado por Luiz Carlos
Raça - liderado por Décio Luiz
Só Preto Sem Preconceito - liderado por Paulinho
Razão Brasileira - liderado por Paulinho Razão
Só Pra Contrariar - liderado por Alexandre Pires
Katinguelê - liderado por Salgadinho
Negritude Junior - liderado por Netinho de Paula
Exaltasamba - liderado por Péricles
Molejo - liderado por Anderson
Os Morenos - liderado por Waguinho
Art Popular - liderado por Leandro Lehart e Márcio Art
Sem Compromisso - liderado por Marcelinho
Sensação - liderado por Marquinhos
KaraMetade - liderado por Vavá
Gera Samba - liderado por Washington
Muleke Travessos - liderado por Rodriguinho

Ressurgimento nos anos 1990
Grupo Revelação - liderado por Xande de Pilares
Soweto - liderado por Belo
Grupo Desejos - liderado por Márcio Duart
Matéria Prima - liderado por Hugo
Da melhor Qualidade - liderado por Cleverson
Os Travessos - liderado por Rodriguinho
É de Mais - liderado por Sandrinho
Dudu Nobre

Nomes da terceira geração do Pagode - nos anos 2000
Belo - carreira Solo
Alexandre Pires - carreira Solo
Exaltasamba - liderado por Thiaguinho
Grupo Revelação - liderado por Xande de Pilares
Rodriguinho - carreira Solo
Gustavo Lins - carreira solo
Inimigos da HP - liderado por Sebá
Jeito Moleque - liderado por Bruno Diegues
Grupo Pixote - liderado por Douglas(Dôdô)
Sorriso Maroto - liderado por Bruno
Swing & Simpatia - liderado por Luciano Becker
Turma do Pagode - liderado por Leíz
parangole - liderado por Léu Santana

Arrocha

Arrocha é um ritmo musical originário da Bahia.
Ele veio proveniente da seresta, influenciado pela música brega e o estilo romântico, com modificações que o tornaram, segundo seus adeptos, mais sensual. Estilo musical originário da Bahia, nasceu no Distrito de Caroba na cidade de Candeias. Não é necessário ser tocado por uma banda completa. Normalmente são usados: um teclado arranjador, um saxofone e uma guitarra.
Trata-se de um movimento social focado nas classes inferiores. Assim como no Rio, os bailes de Arrocha acontecem geralmente em clubes sociais de bairros mais humildes de Salvador e das cidades do interior da Bahia e de outros estados do nordeste. Atualmente esse movimento começa a se espalhar também para o centro-sul do Brasil.
Por tratar-se de um estilo musical apreciado pela população da periferia, começou logo a ser recriminado pela parte elitizada da sociedade, que marginalizou o Arrocha rebaixando o ritmo/movimento restrito ao povo "ignorante das feiras populares". Esse foi o começo do Arrocha. Com sua popularização e, principalmente após um grande canal de TV do estado da Bahia ter realizado um festival nominado "Reino do Arrocha" "[1], no Parque de Exposições de Salvador, muitas emissoras de rádio chamadas "de elite" passaram a incluir em suas programações a "nova onda", como também é conhecido o ritmo musical. Muitos cantores se destacaram cantando Arrocha, como Nara Costa "[2], Silvano Salles, Márcio Moreno, Asas Livres, Grupo Arrocha, Tayrone Cigano, Toque novo , Sandro Lúcio,Latitude 10 Bonde do Maluco, Trio da Huanna, entre outros.
Hoje, assim também como o Funk no Rio, o Arrocha já conseguiu mais espaço na mídia e vem ganhando mais adeptos em outras classes sociais principalmente por se tratar de um produto que vende e que faz muito sucesso.
Como o irmão carioca, o Funk, ainda tem muito espaço a conquistar.

Arrocha! Surgido na cidade de Candeias, no Recôncavo Baiano, o arrocha - ritmo musical que tem arrastado multidões - reinventou antigos ritmos, com uma roupagem mais, digamos, moderna. É uma reinvenção da música brega, da seresta, do estilo romântico. Há cerca de três anos, a primeira aparição ao público. A dança, de embalo romântico, segue os mesmos passos da axé music, do samba, do samba reggae: foram criados pelo povo e são a cara da Bahia. E logo surgiram as estrelas: Nara Costa, "Rainha do Arrocha"; Márcio Moreno "Rei do Arrocha", Silvano Salles "O Cantor Apaixonado", e os grupos Arrocha e Asas Livres. O estilo conquistou público de classes sociais variadas, adolescentes, jovens e pessoas de mais idade. Agora, se preparam para um novo projeto, o "Reino do Arrocha", que promete levar 70 mil pessoas ao Parque de Exposições de Salvador, no mês de setembro.
Eles despontam entre os mais requisitados para shows, lideram execuções em rádios e vendagem de discos, mesmo na indústria da pirataria. Estes cinco precursores do novo ritmo musical se uniram. Divulgaram o arrocha nacionalmente em programas da Rede Globo, como Fantástico e Domingão do Faustão. Eles são a bola da vez. Lotam circos, parques de exposições, clubes e praças, tanto em Salvador quanto no interior da Bahia.
Para a cantora Nara Costa, que já foi vocalista da banda Didá, o sucesso aconteceu de forma inesperada, apesar de não fazer o mínimo esforço para agradar a mídia. "Tudo começou com uma brincadeira de barzinho. Um amigo me convidou pra cantar o arrocha. No início relutei um pouco, disse que meu negócio era MPB, mas acabou acontecendo, a gente montou o repertório começou a fazer o trabalho e a coisa chegou até aqui, como está hoje", conta entusiasmada. A "Rainha do Arrocha" acrescenta que as portas de fato estão se abrindo. "É ótimo, o público está aceitando o arrocha de forma muito positiva. É muito gratificante pra gente saber que ritmo está crescendo, que as pessoas estão aceitando bem esse ritmo e que cada vez mais portas se abrem para gente".A dançaA dança, dizem os mais experientes, é simples. Há quem diga ser muito sensual. Cada um tem a sua receita, junto ou separado. Existem também aqueles que preferem fazer a própria coreografia. O importante é participar do movimento. O cantor e compositor Márcio Moreno ensina: "A primeira tentativa é difícil mas, com uns 15 dias dançando, eu tenho certeza que se aprende. São dois passinhos: dois pra lá, dois pra cá, tcha, tcha, tcha. Apreendeu o básico é começar a rebolar com aquele jeitinho baiano e vai pegando o ritmo. O arrocha tem inúmeros passos, dá pra dançar agarradinho, dá pra dançar sozinho, dá pra pular, da pra fazer o que quiser..."
Há pessoas que ainda confundem ritmos, inventam danças, recriam coreografias. Para estas pessoas, o cantor Silvano Salles define qual a diferença entre o arrocha e a seresta. "A diferença é que seresta é mais lentinho (risos). Como antigamente tinha aquela dança de salão, a galera dançava solto, entendeu? O arrocha é um negócio mais pra frente, mais apertado. Foi uma dança, um estilo que surgiu lá em Candeias" diferencia. Sobre a divulgação do arrocha pelo Brasil, Silvano Salles acredita que é apenas uma questão de tempo, principalmente depois ter conquistado a Bahia e com a aparição em programas nacionais de TV. "É um estilo que já é sucesso na Bahia e agora estamos trabalhando para transformar num sucesso nacional. É 100%! Hoje, a divulgação do arrocha na Bahia é muito boa, porque antigamente, quem curtia seresta eram só pessoas da classe baixa. Hoje não! O arrocha é para pessoas de classe baixa, classe média, classe alta. Todos estão escutando o arrocha."
Modismo? Sucesso momentâneo? A Bahia é um estado muito rico musicalmente, com artistas criativos, para todos os gostos. Aqui convivem pacificamente todos os estilos. O certo é que este novo ritmo, que já conquistou as províncias baianas, atingindo várias camadas sociais, prepara-se agora para vôos mais altos, rompendo as fronteiras da Bahia. Então, para quem ainda está de fora ou não conhece as músicas, é só colocar um CD e sair dançando por aí.

domingo, 21 de junho de 2009

Frevo

O Frevo é um ritmo pernambucano [1] derivado da marcha, do maxixe e da capoeira. Surgido no Recife no final do Século XIX, o frevo se caracteriza pelo ritmo extremamente acelerado. Muito executado durante o carnaval, eram comuns conflitos entre blocos de frevos, em que capoeiristas saíam à frente dos seus blocos para intimidar blocos rivais e proteger seu estandarte. Da junção da capoeira com o ritmo do frevo nasceu o passo, a dança do frevo.
Até as sombrinhas coloridas seriam uma estilização das utilizadas inicialmente como armas de defesa dos passistas.
A dança do frevo pode ser de duas formas, quando a multidão dança, ou quando passistas realizam os passos mais difíceis, de forma acrobática. O frevo possui mais de 120 passos catalogados.[2][3]
Pode-se afirmar que o frevo é uma criação de compositores de música ligeira, feita para o carnaval. Os músicos pensavam em dar ao povo mais animação nos folguedos. No decorrer do tempo, a música ganha características próprias acompanhadas por um bailado inconfundível de passos soltos e acrobáticos.
Origem da Palavra
A palavra frevo vem de ferver, por corruptela, frever, que passou a designar: efervescência, agitação, confusão, rebuliço; apertão nas reuniões de grande massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas, como o Carnaval, de acordo com o Vocabulário Pernambucano, de Pereira da Costa.[4]
Divulgando o que a boca anônima do povo já espalhava, o Jornal Pequeno, vespertino do Recife que mantinha uma detalhada seção carnavalesca da época, assinada pelo jornalista "Oswaldo Oliveira", na edição de 12 de fevereiro de 1907, fez a primeira referência ao ritmo, na reportagem sobre o ensaio do clube Empalhadores do Feitosa, do bairro do Hipódromo, que apresentava, entre outras músicas, uma denominada O frevo. E, em reconhecimento à importância do ritmo e a sua data de origem, em 09 de Fevereiro de 2007, a Prefeitura da Cidade do Recife comemorou os 100 anos do Frevo durante o carnaval de 2007.
Instrumento e Letra
De instrumental, o gênero ganhou letra no frevo-canção e saiu do âmbito pernambucano para tomar o resto do Brasil. Basta dizer que O teu cabelo não nega, de 1932, considerada a composição que fixou o estilo da marchinha carnavalesca carioca, é uma adaptação do compositor Lamartine Babo do frevo Mulata, dos pernambucanos Irmãos Valença.[5]
A primeira gravação com o nome do gênero foi o Frevo Pernambucano (Luperce Miranda/Oswaldo Santiago) lançada por Francisco Alves no final de 1930. Um ano depois, Vamo se Acabá, de Nelson Ferreira pela Orquestra Guanabara recebia a classificação de frevo.
Dois anos antes, ainda com o codinome de "marcha nortista", saía do forno o pioneiro Não Puxa Maroca (Nelson Ferreira) pela orquestra Victor Brasileira comandada por Pixinguinha.
Ases da era de ouro do rádio como Almirante (numa adaptação do clássico Vassourinhas), Mário Reis (É de Amargar, de Capiba), Carlos Galhardo (Morena da Sapucaia, O Teu Lencinho, Vamos Cair no Frevo), Linda Batista (Criado com Vó), Nelson Gonçalves (Quando é Noite de Lua), Cyro Monteiro (Linda Flor da Madrugada), Dircinha Batista (Não é Vantagem), Gilberto Alves (Não Sou Eu Que Caio Lá, Não Faltava Mais Nada, Feitiço), Carmélia Alves (É de Maroca) incorporaram frevos a seus repertórios.
Em 1950, inspirados na energia do frevo pernambucano, a bordo de uma pequena fubica, dedilhando um cepo de madeira eletrificado, os músicos Dodô & Osmar fincavam as bases do trio elétrico baiano que se tornaria conhecido em todo o país a partir de 1969, quando Caetano Veloso documentou o fenômeno em seu Atrás do Trio Elétrico.
O Frevo no Carnaval
Em 1957, o frevo Evocação No. 1, de Nelson Ferreira, gravado pelo Bloco Batutas de São José (o chamado frevo de bloco) invadiria o carnaval carioca derrotando a marchinha e o samba. O lançamento era da gravadora local, Mocambo, que se destacaria no registro de inúmeros frevos e em especial a obra de seus dois maiores compositores, Nelson (Heráclito Alves) Ferreira (1902-1976) e Capiba. Além de prosseguir até o número 7 da série Evocação, Nelson Ferreira teve êxitos como o frevo Veneza Brasileira, gravado pela sambista Aracy de Almeida e outros como No Passo, Carnaval da Vitória, Dedé, O Dia Vem Raiando, Borboleta Não É Ave, Frevo da Saudade. A exemplo de Nelson, Capiba também teve sucessos em outros estilos como o clássico samba canção Maria Bethânia gravado por Nelson Gonçalves em 1943, que inspiraria o nome da cantora. Depois do referido É de Amargar, de 1934, primeiro lugar no concurso do Diário de Pernambuco, Capiba emplacou Manda Embora Essa Tristeza (Aracy de Almeida, 1936), e vários outros frevos que seriam regravados pelas gerações seguintes como De Chapéu de Sol Aberto, Tenho uma Coisa pra lhe Dizer, Quem Vai pro Farol é o Bonde de Olinda, Linda Flor da Madrugada, A pisada é essa, Gosto de Te Ver Cantando.
Cantores como Claudionor Germano e Expedito Baracho se transformariam em especialistas no ramo. Um dos principais autores do samba-canção de fossa, Antônio Maria (Araújo de Morais, 1921-1964) não negou suas origens pernambucanas na série de frevos (do número 1 ao 3) que dedicou ao Recife natal. O gênero esfuziante sensibilizou mesmo a intimista bossa nova. De Tom Jobim e Vinicius de Moraes (Frevo) a Marcos e Paulo Sérgio Valle (Pelas Ruas do Recife) e Edu Lobo (No Cordão da Saideira) todos investiram no (com)passo acelerado que também contagiou Gilberto Gil a munir de guitarras seu Frevo Rasgado em plena erupção tropicalista.

Blocos de rua brincam nas ladeiras de Olinda
A baiana Gal Costa misturou frevo, dobrado e tintura funk (do arranjador Lincoln Olivetti) num de seus maiores sucessos, Festa do Interior (Moraes Moreira/Abel Silva) e a safra nordestina posterior não deixou a sombrinha cair. O pernambucano Carlos Fernando, autor do explosivo Banho de Cheiro, sucesso da paraibana Elba Ramalho, organizou uma série de discos intitulada Asas da América a partir do começo dos 1980.[6]
Botou uma seleção de estrelas para frevar: de Chico Buarque, Alcione, Lulu Santos e Gilberto Gil a Jackson do Pandeiro, Elba e Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Fagner e Alceu Valença. Entre os citados, Alceu, Zé e Geraldo mais o Quinteto Violado, Lenine, o armorial Antônio Nóbrega e autores como J. Michiles, mantêm no ponto de fervura o frevo pernambucano. Mesmo competindo com os decibéis – e o poder de sedução – do congênere baiano. As pessoas enfrentaram e competiram honestamente.
A importância do Galo da Madrugada
O Galo da Madrugada é um bloco carnavalesco que preserva as tradições locais. Eles tocam ritmos pernambucanos e desfilam sem cordões de isolamento. O desfile do galo da madrugada é um dos momentos para se ouvir e se dançar frevo no carnaval.

Axé

O Axé é um gênero musical surgido no estado da Bahia na década de 1980, durante as manifestações populares do carnaval de Salvador,que mistura Frevo pernambucano, forró, Maracatu, Reggae e Calipso, que é derivado do Reggae.
No entanto, o termo Axé Music é utilizado erroneamente para designar todos os rítmos de raízes africanas ou o estilo de música de qualquer banda ou artista que provém da Bahia. Sabe-se hoje, que nem toda música baiana é Axé, pois lá há o Olodum, um rítmo da África do Sul, Samba de Roda e Pagode produzidos por algumas bandas, Calipso (gênero muscial), proveniente do Pará e Samba-reggae, uma novidade.
A palavra "axé" é uma saudação religiosa usada no candomblé e na umbanda, que significa energia positiva. Expressão corrente no circuito musical soteropolitano, ela foi anexada à palavra da língua inglesa music pelo jornalista Hagamenon Brito para formar um termo que designaria pejorativamente aquela música dançante com aspirações internacionais.
Com o impulso da mídia, o axé music rapidamente se espalhou pelo país todo (com a realização de carnavais fora de época, as micaretas), e fortaleceu-se como indústria, produzindo sucessos durante todo o ano.
Guitarras Elétricas
As origens do axé estão na década de 1950, quando Dodô e Osmar começam a tocar o frevo pernambucano em rudimentares guitarras elétricas (batizadas de guitarras baianas) em cima de uma Fobica (um Ford 1929). Nascia o trio elétrico, atração do carnaval baiano que Caetano Veloso chamou a atenção em 1968 na canção "Atrás do Trio Elétrico". Mais tarde, Moraes Moreira, dos Novos Baianos, teria a idéia de subir num trio (que era apenas instrumental) para cantar – foi o marco zero da axé music. Paralelamente ao movimento dos trios, aconteceu o da proliferação dos blocos-afro: Filhos de Gandhi (do qual Gilberto Gil faz parte), Badauê, Ilê Aiyê, Muzenza, Araketu e Olodum. Eles tocavam ritmos africanos como o ijexá, brasileiros como o maracatu e o samba (os instrumentos eram os das escolas de samba do Rio) e caribenhos como o merengue.
Com a cadência e as letras das canções de Bob Marley nos ouvidos, o Olodum criou um rítmo próprio que misturava Axé, Música Latina, Reggae e também Música Africana, estilo com forte caráter de afirmação da negritude, que fez sucesso em Salvador dos anos de 1980 com artistas como Lazzo, Tonho Matéria, Gerônimo e a Banda Reflexus – as canções chegavam ao Sudeste em discos na bagagem dos que lá passavam férias. Logo, Luiz Caldas (do trio Tapajós) e Paulinho Camafeu tiveram a idéia de juntar o frevo elétrico dos trios e o ijexá. Surgiu assim o "Deboche", que rendeu em 1986 o primeiro sucesso nacional daquela cena musical de Salvador: "Fricote", gravado por Caldas. A modernidade das guitarras se encontrava com a tradição dos tambores em mistura de alta octanagem.
Uma nova geração de estrelas aparecia para o Brasil: Lazzo, Banda Reflexus (do sucesso Madagascar Olodum), Sarajane, Cid Guerreiro (do Ilariê, gravado por Xuxa), Chiclete com Banana (que vinha de uma tradição de bandas de baile, blocos-afro e trios elétricos), Banda Cheiro de Amor (com Márcia Freire e Margareth Menezes, a primeira a engatilhar carreira internacional, com a bênção do líder da banda americana de rock Talking Heads, David Byrne). Pouco tempo depois, o Olodum estaria sendo convidado pelo cantor e compositor americano Paul Simon para gravar participação no disco The Rhythm of The Saints.
Guinada para o Frevo e Pop Rock
Aquela nova música baiana avançaria mais ainda na direção do pop em 1992, quando o Araketu resolveu injetar eletrônica nos tambores, e o resultado foi o disco Araketu, gravado pelo selo inglês independente Seven Gates, e lançado apenas na Europa. No mesmo ano, Daniela Mercury lançaria O Canto da Cidade, e o Brasil se renderia de vez ao axé. Aberta a porta, vieram Asa de Águia, Banda Eva (que nasceu do Bloco Eva e revelou Ivete Sangalo), Banda Mel (que depois assinaria como Bamdamel), Banda Cheiro de Amor, Ricardo Chaves e tantos outros nomes. A explosão comercial do axé passou longe da unanimidade. Dorival Caymmi reprovou suas qualidades artísticas, Caetano Veloso as endossou. Das tentativas de incorporar o repertório das bandas de pop rock, nasceu a marcha-frevo, que transformou sucessos como Eva (Rádio Táxi) e Me Chama (Lobão) em mais combustível para a folia.
Enquanto o axé se fortalecia comercialmente, alguns nomes buscavam alternativas criativas para a música baiana. O mais significativo deles foi a Timbalada, grupo de percussionistas e vocalistas liderado por Carlinhos Brown (cuja música "Meia Lua Inteira" tinha estourado na voz de Caetano), que veio com a proposta de resgatar o som dos timbaus, que há muito tempo estavam restritos à percussão dos terreiros de Candomblé. Paralelamente à Timbalada, Brown lançou dois discos solos – Alfagamabetizado (1996) e Omelete Man (1998), que com sua autoral incorporação de várias tendências do pop e da MPB à música baiana, obteve grande reconhecimento no exterior. Além disso, ele desenvolveu um trabalho social e cultural de alta relevância entre a população da comunidade carente do Candeal, com a criação do espaço cultural Candyall Guetho Square, o grupo de percussão Lactomia (para formar uma nova geração de instrumentistas) e a escola de música Paracatum.
Enquanto isso, os nomes de sucesso da música baiana multiplicavam-se: aos então conhecidos Banda Eva, Bamdamel, Araketu (que em 1994 vendeu 200 mil cópias do disco Araketu Bom Demais), Chiclete com Banana e Cheiro de Amor, juntaram-se o ex-Beijo Netinho e os grupos Jammil e Uma Noites, Pimenta N´Ativa e Bragadá.
Declinio e Surgimento do Samba Reggae
Depois da década de 1990 a intitulada Axé Music perdeu forças para música internacional. Desta forma, os gêneros musicais brasileiros, até mesmo o pagode, saíram do sucesso máximo nas rádios, bares, restaurantes e clubes.
Os rítmos que compõem o movimento mercadológico da Axé Music continuam a existir, mas os lançamentos dos mais famosos artistas de Axé estão com poucas vendagens de discos e gravagens repetitivas. Paralelamente, surgiu uma nova manifestação musical no estado da Bahia que trouxe o samba de volta à música baiana, mas agora não na forma de samba-de-roda, mas uma mistura entre o samba, às vezes pagode, aliada à melodia reggae das músicas latinas e a presença do carácter de negritude com os atabaques na música. O samba-reggae, como é chamado por artistas famosos, apesar de ter origem na Bahia, não é considerado Axé e sim um estilo da Música Popular Brasileira independente e inovador.

Forró

Forró é uma festa popular brasileira, de origem nordestina e é a dança praticada nestas festas, conhecida também por arrasta-pé, bate-chinela, fobó, forrobodó. No forró, vários ritmos musicais daquela região, como baião, há quadrilha, o xaxado e o xote, são tocados, tradicionalmente, por trios, compostos de um sanfoneiro (tocador de acordeão -- que no forró é tradicionalmente a sanfona de oito baixos), um zabumbeiro e um tocador de triângulo.O forró possui semelhanças com o toré e o arrastar dos pés dos índios, com os ritmos binários portugueses e holandeses e com o balançar dos quadris dos africanos. A dança do forró tem influência direta das danças de salão européias.[carece de fontes?]Conhecido e praticado em todo o Brasil, o forró é especialmente popular nas cidades brasileiras de Campina Grande, Caruaru, Arcoverde, Mossoró, e Juazeiro do Norte, onde é símbolo da Festa de São João, e nas capitais Aracaju, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Maceió, Recife, São Luís e Teresina onde são promovidas grandes festas.
Origem do Nome
O termo "forró", segundo o folclorista potiguar Luís da Câmara Cascudo, estudioso de manifestações culturais populares, vem da palavra "forrobodó", de origem bantu (Tronco linguístico africano, que influenciou o idioma brasileiro, sendo base cultural de identidade no brasil escravista), que significa: arrasta-pé, farra, confusão, desordem.[1]A Versão mais verossímil, apoiada pelo próprio historiador Câmara Cascudo, é a de que Forró é derivado do termo africano forrobodó e era uma festa que foi transformada em gênero musical, tal seu fascínio sobre as pessoas.Na etimologia popular (ou pseudoetimologia) é freqüente associar a origem da palavra "forró" à expressão da língua inglesa for all (para todos). Para essa versão foi construída uma engenhosa história: no início do século XX, os engenheiros britânicos, instalados em Pernambuco para construir a ferrovia Great Western, promoviam bailes abertos ao público, ou seja for all. Assim, o termo passaria a ser pronunciado "forró" pelos nordestinos. Outra versão da mesma história substitui os ingleses pelos estadunidenses e Pernambuco por Natal do período da Segunda Guerra Mundial, quando uma base militar dos Estados Unidos foi instalada nessa cidade.Apesar da versão bem-humorada, não há nenhuma sustentação para tal etimologia do termo, pois em 1937, cinco anos antes da instalação da referida base, a palavra "forró" já se encontrava registrada na história musical na gravação fonográfica de “Forró na roça”, canção composta por Manuel Queirós e Xerém.Antes disso, em 1912, Chiquinha Gonzaga compôs Forrobodó, que ela classificou como uma peça burlesca e que lhe valeu, algum tempo depois, em 1915, o Prêmio Mambembe, sendo Mambembe também de origem banto, significando medíocre, de má qualidade.Discussões à parte, o forró é um ritmo democrático de influências indígenas, africanas e européias, e encanta pessoas de todas as idades e classes sociais, não só no Brasil, mas em todos os lugares do mundo.
Histórico
Os bailes populares eram conhecidos em Pernambuco por "forrobodó" ou "forrobodança" (nomes dos quais deriva "forró") já em fins do século XIX.[2]
O forró tornou-se um fenômeno pop em princípios da década de 1950. Em 1949, Luiz Gonzaga gravou "Forró de Mané Vito", de sua autoria em parceria com Zé Dantas e em 1958, "Forró no escuro". No entanto, o forró popularizou-se em todo o Brasil com a intensa imigração dos nordestinos para outras regiões do país, especialmente, para as capitais: Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
Nos anos 1970, surgiram nessas e noutras cidades brasileiras, "casas de forró". Artistas nordestinos que já faziam sucesso tornaram-se consagrados (Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Trio Nordestino, Genival Lacerda) e outros surgiram.
Depois de um período de desinteresse em década de 1980 e forró ganhou novo fôlego da década de 1990 em diante, com o surgimento e sucesso de novos trios e artistas de forró.
Gêneros Musicais
O forró é dançado ao som de vários ritmos brasileiros tipicamente nordestinos, entre os quais destacam-se: o xote, o baião, o xaxado, a marcha (estilo tradicionalmente adotado em quadrilhas) e coco. Outros estilos de forró são: o forró universitário, uma revisitação do forró tradicional (conhecido como forró pé-de-serra) e o forró eletrônico ou estilizado (que, para alguns, não é considerado forró).
Artistas Consagrados
Existem diversos artistas que, entre outras modalidades, também contribuíram, sejam como compositores sejam como intérpretes, com diversos gêneros do forró. Alguns dos mais destacados compositores brasileiros de músicas de forró são:
Luiz Gonzaga
Alceu Valença
Sivuca
elba Ramalho
Jackson do Pandeiro
Chico Salles
Dominguinhos
Frank Aguiar
Genival Lacerda
Marines
Rita de Cássia
Trio Nordestino
Zé Ramalho
Flávio José
Estilos da Dança
O forró é dançado em pares que executam diversas evoluções, diferentes para o forró nordestino e o forró universitário:
O forró nordestino é executado com mais malícia e sensualidade, o que exige maior cumplicidade entre os parceiros. Os principais passos desse estilo são a levantada de perna e a testada (as testas do par se encontram).
O forró universitário possui mais evoluções. Os passos principais são:
Dobradiça - abertura lateral do par;
Caminhada - passo do par para a frente ou para trás;
Comemoração - passo de balançada, com a perna do cavalheiro entre a perna da dama;
Giro simples;
Giro do cavalheiro;
Oito - o cavalheiro e a dama ficam de costas e passam um pelo outro.